quinta-feira, 22 de julho de 2021

Amigos Imaginários e o Brincar

 

Amigos Imaginários e a Importância do Brincar:

Imaginação e criatividade normais e saudáveis.



INTRODUÇÃO

 

Atualmente existem poucas pesquisas que se dedicam ao estudo em respeito à extensão dos benefícios ou prejuízos da criação de amigos imaginários para crianças em desenvolvimento. Pesquisas iniciais apontavam que amigos imaginários, frequentemente evidentes dentre as idades de dois anos e meio a três anos, costumavam desaparecer durante a época em que as crianças chegavam à idade escolar e, também, os associavam à psicopatologias e à incapacidade de distinguir entre fantasia e realidade entretanto, pesquisas mais recentes mostram que amigos imaginários são mais comuns em crianças mais velhas, ainda que de uma forma mais privada, e se dedicam a averiguar os atributos positivos ligados à criação de amigos imaginários (BITTENCOURT & BLANCO, 1996 apud HARTER & CHAO, 1992). Ao passo em que algumas pesquisas sobre estes personagens da imaginação com os quais crianças de relacionam, indicam que a criação dos mesmos favorece o desenvolvimento social, emocional e cognitivo de crianças, mencionando, inclusive, que pais enxergam tais amigos como um sinal da alta capacidade de imaginação de seus filhos, outras pesquisas ainda demonstram preocupação quanto ao fato de que a companhia de um amigo imaginário pode ser uma influência negativa para o desenvolvimento de crianças, pois, como observa Velludo (2014), crianças com companheiros imaginários podem ser percebidas pelos outros como reservadas e solitárias, o que, com o tempo, pode levar demais pessoas a estereotipá-las de forma negativa, favorecendo assim problemas emocionais e de comportamento.

O presente artigo procura explorar de forma mais detalhada o propósito e as características associadas à criação de amigos imaginários, evidenciando assim, possíveis benefícios e prejuízos que surgem no relacionamento de crianças com os mesmos, de tal forma, ajudando a desmistificar essa atividade de faz de conta.

 

OBJETIVOS

 

No presente trabalho temos por objetivo nos questionarmos quanto à normalidade do aparecimento de amigos imaginários, se este fenômeno é saudável, por que surgem os amigos imaginários e o que trazem de benefícios as crianças que os criam tendo em consideração que não se trata de um fenômeno patológico, podendo ser chamado algumas vezes como “esquizofrenia saudável”. Buscamos promover uma reflexão sobre a importância da imaginação da criatividade e do brincar no processo educacional.

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

Essa brincadeira de faz de conta surge entre os 3 e 7 anos de vida. As crianças de idade pré-escolar são as que mais se engajam neste caso, mas ao final desse período a frequência com que as crianças brincam de faz de conta diminui. Há evidências, no entanto, de que após a primeira infância, o faz de conta se torna mais privado e as crianças são mais propensas a se engajarem em fantasia quando estão sozinhas ou há poucos amigos presentes (SMITH & LILLARD, 2012).

Utilizando a teoria de Winnicott (1975), pode-se confirmar tal percepção ao analisar o setting terapêutico, no qual o brincar serve como base para a psicoterapia infantil, sendo a principal comunicação paciente-terapeuta e o meio entre a realidade psíquica e a realidade percebida, na transicionalidade.

São recursos essenciais para o desenvolvimento saudável das crianças, estimulando seu crescimento emocional e cognitivo em aspectos como a auto-estima, a confiança e a autonomia, como foi explicitado por diversos autores da área da Psicologia do Desenvolvimento assim como da Psicanálise, que nos levaram a perceber a importância, para a criança, da comunicação lúdica.

 

O Amigo Imaginário

 

Com os amigos imaginários as crianças podem aprender habilidades sociais. Elas aprendem a compartilhar seus sentimentos e também a receber e lidar com o sentimento dos outros. Na verdade, alguns pesquisadores acreditam que o amigo imaginário é uma manifestação consciente do nosso superego, a parte do nosso inconsciente que ajuda a limitar nossas ações. Eles podem surgir de um desenho aminado, filmes, ursinhos que a criança pode ter, ou mesmo de sua imaginação. Onde surge para suprir alguma necessidade humana básica (TAYLOR 2008). Muitas vezes para preencher solidão e enfrentar medos (CORSO & CORSO, 2006). Onde se apresenta como um ensaio para a vida adulta (FREUD, 1908).  É comum o surgimento de amigos imaginários em situações como mudanças de cidades, divórcio dos pais, morte de alguém querido, e várias outras situações que possam vir a ser uma fonte de estresse para a criança.

 

 O Brincar

 

O brincar não é apenas imaginar, o desenho também entra em foco. O desenho infantil pode ser considerado de grande importância no desenvolvimento integral da criança. Pode servir como medidor de conhecimento e autoconhecimento, pois permite que a mesma comece a organizar as informações, processar experiências, revelar aprendizados e expressar suas preferências pessoais.  A criança cria as mais diversas formas de expressão, desenvolvendo sua percepção, sua imaginação, sua reflexão e toda sua sensibilidade. Está, também, intimamente ligado ao desenvolvimento da fala e da escrita. O ato de desenhar se encontra em ligação direta com a cognição e com as representações feitas pela criança do meio em que convive.

A criança desenvolve-se através da experiência social, das interações que estabelece com o meio, com a experiência sócio-histórica dos adultos e do mundo por eles criado. Sendo assim, a brincadeira é uma atividade humana, na qual as crianças são introduzidas constituindo-se em um modo de assimilar e recriar a experiência sócio-cultural dos adultos (RODRIGUES, 2009).

O brincar é característico da infância, e traz inúmeras vantagens para a constituição da criança, proporcionando a capacitação de uma série de experiências que irão contribuir para o desenvolvimento futuro dela. Dessa forma, o brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem, pois na brincadeira, reside a base daquilo que, mais tarde, permitirá à criança aprendizagens mais elaboradas (ROLIM, GUERRA, TASSIGNY; 2008).

 

Todas as crianças precisam de brincadeira. Elas já encontram em si a vontade de brincar, devido elas estarem regadas de energia e curiosidade perante as atividades. Há um imaginário que precisa ser explorado com atividades e brincadeiras. A brincadeira é tão importante que é fundamental na infância, pois irá auxiliar as crianças em suas necessidades de desenvolvimento e dominá-las. Segundo Maxim (1997) apud Brock (2011):

A brincadeira é uma necessidade de todas as crianças. As crianças virtualmente transbordam com todos os pré-requisitos para a brincadeira. Um vasto reservatório de energia e curiosidade, novas experiências emocionantes, ideias maduras e um rico estoque de imaginação que jorra livremente como uma corrente constante de atividade... A brincadeira é uma atividade importante na infância que auxilia as crianças a dominarem suas necessidades de desenvolvimento.

 

A brincadeira é um comportamento dinâmico, construtivo e muito ativo. Ela irá cooperar para o desenvolvimento, crescimento e aprendizagem da criança, seja ela com necessidades especiais ou não. Segundo Garanhani (2006) apud Gonçalves (2016) os jogos e brincadeiras tem uma importância significativa para a educação, o aprendizado e o desenvolvimento da criança, motor e cognitivo, o brincar é o meio pelo qual a criança representa compreende a realidade. Da mesma forma, de acordo com Antunis (2003) apud Gonçalves (2016), a criança reproduz seu cotidiano por meio do brincar, em seu mundo de fantasia e imaginação. O processo de aprendizagem da criança é possibilitado pelo brincar, pois facilita a construção da reflexão, da autonomia, da criatividade, estabelecendo assim uma relação próxima entre jogo e aprendizagem.

A brincadeira é algo muito importante para o desenvolvimento das crianças devido que através dela a criança consegue se exteriorizar, sai do real e vai para o imaginário, onde ela consegue se expressar e mostrar sua personalidade através disso, também aprende a se relacionar e seguir regras do jogo ou atividade que esteja realizando. É fundamental também para a formação de sua personalidade, então a brincadeira deve ser estimulada e ser inserida no ambiente escolar e também no ambiente familiar. Segundo Santos (2004) para uma criança brincar é tão necessário para seu desenvolvimento quanto o alimento, o descanso e a escolaridade, pois é por meio do brincar que a criança desbrava o conhecimento com o mundo e se adapta a tudo que a cerca.

Pode ser incluída também como maneira de aprendizagem, muitas crianças aprendem muito mais brincando. Também como forma de interação entre as crianças e assim ir criando suas personalidades e aprendendo com as relações que fazem durante a brincadeira. De acordo com Natali Alves Barros Lira e Juliana de Alcântara Silveira Rubio, no passado as crianças tinham maior liberdade para brincar, mais espaço e mais tempo, nas ruas e praças as pessoas se encontravam para brincar, correr, jogar e aprender uns com os outros. (LIRA & RUBIO, 2014).

Existe uma grande mudança nas brincadeiras nos dias atuais, com a tecnologia ela ficou muito restrita a jogos de computador e videogame, deixando de lado os brinquedos físicos que são muito importantes para o desenvolvimento das crianças, o que pode ter um impacto na vida das mesmas. De acordo com Freire (2003) o bom desenvolvimento das habilidades motoras traz consequências do ponto de vista cognitivo, social e afetivo.

O brincar não é apenas imaginar, o desenho também entra em foco. O desenho infantil pode ser considerado de grande importância no desenvolvimento integral da criança. Pode servir como medidor de conhecimento e autoconhecimento, pois permite que a mesma comece a organizar as informações, processar experiências, revelar aprendizados e expressar suas preferências pessoais.  A criança cria as mais diversas formas de expressão, desenvolvendo sua percepção, sua imaginação, sua reflexão e toda sua sensibilidade. Está, também, intimamente ligado ao desenvolvimento da fala e da escrita. O ato de desenhar se encontra em ligação direta com a cognição e com as representações feitas pela criança do meio em que convive.

As crianças realizam naturalmente muitas atividades motoras na infância, como correr, pular, saltar, arremessar, entre outras, sendo estas habilidades motoras fundamentais. Batista e Mussini (2003) afirmam que a criança explora, experimenta, cria, conhece seu próprio corpo e descobre seus limites, interagindo com outras crianças e desenvolvendo habilidades, capacidades e potencialidades através da brincadeira e jogando em atividades que exigem a movimentação corporal, assim também serão desenvolvidos os aspectos cognitivos sociais e afetivos da criança, que começara a entender que seus movimentos tem significado, se manifestando com objetivo de comunicação e expressão.

De acordo com Vigotski (1932/1987), no início da vida da criança, sua ação sobre o mundo é determinada pelo contexto perceptual e pelos objetos nele contidos. Entretanto, quando se iniciam os jogos de faz-de-conta ou jogos de papéis, há um novo e importante processo psicológico para a criança, o processo de imaginação e de fantasia, que lhe permite desprender-se das restrições impostas pelo ambiente imediato. Ela é agora capaz de modificar o significado dos objetos, transformando uma coisa em dez outras. Assim, o campo de significados se impõe sobre o campo perceptual, ampliando-o. Essa ação aonde também é considerada um brincar é essencial para manifestar a criatividade (WINNICOTT, 1975). Vigotski (1991) ressalta o importante papel do brinquedo no desenvolvimento da criança. Para ele, o brinquedo proporciona mais do que prazer à criança, ele é capaz de satisfazer necessidades fundamentais, atendendo àquilo que a criança não pode realizar no momento imediato. 

Em relação ao desenho infantil, Silva (1998) realizou um trabalho no qual focaliza algumas das condições sociais de produção da atividade gráfica. As informações foram levantadas através de gravações de vídeo e de desenhos de crianças na primeira infância em situações de produção gráfica, em sala de aula. Baseada na abordagem histórico-cultural, a análise buscou verificar as relações entre a fala e o desenho, assim como as ações das crianças diante das possibilidades funcionais dos materiais empregados na atividade gráfica e as mediações entre os pares e a professora. Os resultados do estudo mostraram a importância das interações sociais e a contribuição da cultura no desenvolvimento do grafismo em detrimento da maturação biológica, tão em voga ainda nos dias de hoje.

Gobbi e Leite (1999) explicitam outro lado do desenho, apresentando, dentre outras, a teoria de Joseph Di Leo (1991), que vê os desenhos como reveladores do desenvolvimento psíquico da criança, contendo seus sentimentos, angústias e ansiedades. Em sua visão, poderiam contribuir para formas terapêuticas de trabalho que buscam solucionar os distúrbios psíquicos. Formula, ainda, questões a respeito de motivações e significados dos desenhos. Sendo assim, as crianças colocariam no desenho, além de suas significações da realidade, suas relações com seu modo de pensar, exprimindo frustrações e medos através deles.

Para Oliveira (1993), na sua interpretação da teoria vigotskiana, a brincadeira é também uma atividade regida por regras, pois não é qualquer comportamento que se torna aceitável no âmbito de uma dada brincadeira. As regras contribuem para que a criança entenda o universo particular dos diversos papéis que desempenha. Tanto pela criação da situação imaginária, como pela definição de regras específicas, o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança. No brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e também aprende a separar objeto e significado.

 

A Zona de Desenvolvimento Proximal e a Teoria do Apego

 

É necessário explanar a zona de desenvolvimento proximal de Vygotsky e as teorias do apego de Bowlby para melhor compreender o cuidado dos pais em relação aos seus filhos no contexto do brincar.  Um conceito empreendedor aconselhado por Vygotsky é o de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Segundo Oliveira (1997) Vygotsky notou que tinham algumas atividades que podem ser praticadas sem a ajuda de outras pessoas respectivamente, por serem correspondidas a noções já internalizadas pelo sujeito, ao que deu nome de nível de desenvolvimento real.  Em controvérsia, o nível de desenvolvimento nos permite fazer algumas atividades com o auxílio de outras pessoas. Segundo Valsiner (1991) apud Zanella (1994):

 

O conceito de ZDP foi cunhado por volta de 1991. Nessa época, Vygotsky tinha desenvolvido uma série de idéias que a seu ver poderiam auxiliar na compreensão dos processos de construção de novas funções psicológicas superiores: o papel do jogo e da fantasia no desenvolvimento infantil, a necessidade de conhecer tal desenvolvimento prospectivamente e o caráter necessário das interações sociais na constituição do indivíduo. Entretanto, a necessidade de compreender de forma globalizante esses aspectos, fez com que Vygotsky sentisse a necessidade de construir um conceito teórico que exercesse tal função unificadora: eis o papel do conceito de ZDP.

 

Para Vygotsky, o desenvolvimento compõe-se em um procedimento de aprendizagem, por meio da interação social com outros mais avançados em suas habilidades e capacidades intelectuais. A linguagem constituí, então, como uma dessas ferramentas. Sabendo disso, a interação social que tem mais sucesso é aquela em que um problema é solucionada em conjunto, com a direção de um indivíduo mais hábil para usar as ferramentas intelectuais necessárias. (FINO,2001). Vigotsky (1989) afirma que a aquisição do conhecimento se dá através das zonas de desenvolvimento, a real e a proximal. A zona de desenvolvimento real é o conhecimento já adquirido, é o que a pessoa traz consigo. Já a zona de desenvolvimento proximal, só é atingida com o auxílio de outras pessoas "mais capazes", que já tenham adquirido esse conhecimento.

De acordo com Vygotsky (1990) é pré determinado um potencial para cada faixa etária e a partir deste potencial os pais, cuidadores ou educadores funcionariam como uma espécie de andaime que auxiliaria as crianças a alcançarem o seu desenvolvimento real. Também segundo Vygotsky, é com a interação do sujeito com outros indivíduos e com o meio que se dá a aprendizagem. A teoria do apego estudada por Bowlby, sobre a qual Ainsworth fez grandes contribuições com o experimento da situação estranha no qual identificou os tipos de apego também é de grande importância para a compreensão da relação entre pais e crianças também no momento da brincadeira.

 No contexto da brincadeira, os pais ou responsáveis estão presentes normalmente em praças infantis com seus filhos, que caracterizaria um momento de diversão e cuidado com as crianças. O comportamento dos pais influencia diretamente no comportamento das crianças, uma vez que os mesmos são exemplos para elas. Os pais poderão caracterizar e demonstrar um comportamento de cuidado e segurança na hora das brincadeiras, ou não. Ao mesmo tempo em que as crianças poderão demonstram se estão em uma vinculação segura de apego com seus responsáveis ou não.

Conforme a teoria do apego, a busca de estar próximo fisicamente da mãe e investigar e percorrer o ambiente aparecem durante o primeiro ano de vida e continuam de maneira intensiva durante a primeira infância. Nos três ou quatro anos, essas formas de comportamento irão diminuir e irá haver outra forma de expressão diferente. No primeiro momento, as crianças são inclinadas a ter vínculos afetivos com um número pequeno de cuidadores, buscando os mesmos como uma maneira de ter conforto quando estão em condições boas e também como uma maneira de segurança em momentos de estresse. (PONTES, SILVA, GAROTTI & MAGALHÃES, 2007).

Segundo Leão (2016) o sistema de vinculação se trata da criança que controla e monitora o ambiente imediato, em caso de aflição procura a proximidade com a figura de apego. Também é circundado pelo sistema exploratório, ligado à curiosidade e ao domínio, pelo sistema de sociabilidade, que diz respeito à tendência biologicamente programada e motivação para envolvimento social, o sistema medo-angústia que trata da capacidade de vigilância, ajustamento e registro das situações de ameaça. Os pais ou cuidadores seriam parte fundamental do sistema de cuidado, vertente parental do apego, capacidade de prestar cuidado e suprir as necessidades da criança e de resposta laço de vinculação, que diz respeito às ligações emocionais, do mais fraco para quem o protege, ou seja, da criança para seus pais ou cuidadores. O ideal é que os pais passem a ideia de base segura, isto é, de que a figura de apoio e protetora estará disponível proximidade física, o que se torna um conceito mentalizado e emocional. Segundo Cassidy (1999) apud Dalbem e Dell’Aglio (2005):

Bowlby (1989) considerou o apego como um mecanismo básico dos seres humanos. Ou seja, é um comportamento biologicamente programado, como o mecanismo de alimentação e da sexualidade, e é considerado como um sistema de controle homeostático, que funciona dentro de um contexto de outros sistemas de controle comportamentais. O papel do apego na vida dos seres humanos envolve o conhecimento de que uma figura de apego está disponível e oferece respostas, proporcionando um sentimento de segurança que é fortificador da relação.

 

De acordo com J. Bowlby (1973/1984) apud Dalbem e Dell’Aglio (2005), o relacionamento dos pais com a criança é elaborado a partir de um conjunto de sinais inatos do bebê, que demandam proximidade. Com o passar do tempo, um verdadeiro vínculo afetivo se desenvolve, garantido pelas capacidades cognitivas e emocionais da criança, assim como pela consistência dos procedimentos de cuidado, pela sensibilidade e responsividade dos cuidadores. Por isso, um dos pressupostos básicos da teoria do apego é de que as primeiras relações de apego, estabelecidas na infância, afetam o estilo de apego do indivíduo ao longo de sua vida (BOWLBY, 1989).

 

Criatividade e Fantasia

 

Ao exercitar seus pensamentos a criança cria e modifica a sua realidade. Para uma criança, fantasiar é criar um espaço onde os encontros impossíveis acontecem. Fantasiar é uma atividade inerente ao desenvolvimento humano. Podemos considerar a sua função de ponte entre a vida consciente e inconsciente, falarmos sobre a necessidade da fantasia para a evolução do pensamento simbólico.

Freud (1908/1976) relaciona a criatividade adulta com o brincar infantil. Segundo ele, deveríamos procurar na infância os primeiros traços de atividade imaginativa. Ao brincar a criança cria um mundo próprio e reajusta os elementos de seu mundo de forma que atenda aos seus desejos. E continua afirmando que o brincar da criança é determinado pelo desejo de ser grande e adulto. Esse desejo auxilia no desenvolvimento, pois a criança está sempre brincando de adulto, imitando em seus jogos aquilo que conhece da vida dos mais velhos.

Define-se que o amigo imaginário pode começar a partir de um objeto transicional. Presente em qualquer pessoa e sentido do sujeito estar vivo (WINNICOTT, 1975). Nesse período onde eles elaboram ideias e conflitos sem precisar arcar com as consequências (CORSO & CORSO, 2006). Através desse ato, a criança pode brincar de ser isto ou aquilo, explorando novas possibilidades, escolhendo e se apropriando de novas condutas. A criatividade pode favorecer, tanto na criança quanto na família, a compreensão e atuação de uma dinâmica familiar adequada em relação às novas possibilidades.

Quando Winnicott (1975) aborda a origem da criatividade, a partir de uma perspectiva também psicanalítica, afirma que esta significa o colorido de toda a atitude com relação à realidade externa. Para ele, o mundo sem este colorido é um mundo de submissão que “traz consigo um sentido de inutilidade e está associado à ideia de que nada importa e de que não vale a pena viver a vida” (p.95). Sem criatividade seria uma maneira doentia de se viver. Explicando de forma diferente, este autor entende a presença de criatividade como condição para uma vida saudável, ou a forma com que o indivíduo se relaciona com a realidade externa. A criatividade é, para ele, o que dá sentido à vida humana. Entende, ainda, que é impossível uma destruição completa da capacidade de um ser humano para o viver criativo, “pois, mesmo no caso mais extremo de submissão, e no estabelecimento de uma falsa personalidade, oculta em alguma parte, existe uma vida secreta satisfatória, pela sua qualidade criativa ou original a esse ser humano” (p. 99).

Segundo Moreno (2006) é nos primeiros anos de vida que a criatividade pode cultivar-se de modo especial e este é o momento ideal para se buscar a origem das diferenças de criatividade entre os diversos sujeitos. Ela conclui suas observações, afirmando que as crianças que apresentaram um maior nível de criatividade não só brincavam bastante com seus pais e irmãos, principalmente mais velhos, como os jogos preferidos destas crianças de criatividade alta implicavam mais fantasia e criatividade do que em casos de crianças com nível de criatividade baixa. Ao se referir ao ato de contar histórias, por exemplo, a autora afirma que os pais das crianças com um nível mais alto de criatividade, além de contar histórias e contos clássicos, tendiam a inventar outras histórias e a fantasiar para seus filhos.

Amabile (1989), ao fazer pesquisas sobre criatividade em crianças, aprofundou os seus estudos numa posição que privilegia as chamadas situações criativas, as circunstâncias envolventes, o ambiente social e as diversas formas e processos através dos quais gera, incentiva, desenvolve, entrava, limita ou mata a criatividade. Situação está que ela define como uma confluência de fatores diversos. O curioso do modelo que Amabile foi construindo é que, embora, partida das condições sociais, a autora considera como fator primordial da criatividade a motivação intrínseca dos indivíduos. Os aspectos ambientais e sociais só são pertinentes porque, segundo ela, têm um forte impacto sobre a motivação intrínseca.

A premissa básica do livro de Amabile, Growing up creative (1989) é que tal como uma planta pode ser cultivada, a criatividade pode ser cultivada na criança. Para a autora, ao criar uma criança com amor, regando-a com afeição e elogio, e alimentando-a com estimulação intelectual, o adulto será capaz de colher boas sementes de sabedoria no futuro. Na obra, Amabile descreve as experiências da infância de Albert Einstein, Marie Curie, Margaret Mead, Pablo Picasso, Pablo Casals, Isaac Asimov e de Wolfgang Amadeus Mozart, questionando, principalmente, quais aspectos da vida destes mestres criativos nutrem sua movimentação para produzir maravilhas criativas.

O mundo lúdico é, por excelência, o mundo da criança, isto porque é na situação do inventar que a criança se relaciona com o real, vivenciando de seu modo, procurando construir e recriar a realidade.  Também funciona como espaço de socialização e interação com outras crianças, sendo um veículo de expressão e comunicação.

 

METODOLOGIA

 

Buscou-se fazer um levantamento bibliográfico com base em materiais já publicados e fontes diversas, aonde foram realizadas pesquisas, trocas de ideias, resumos, buscando-se em livros, artigos, matérias, revistas e sites da internet materiais para estudar e aprofundar o tema abordado. Optou-se por apontar a importância da criatividade e da imaginação infantis no processo educacional em sentido amplo deparando-nos com a importância dos amigos imaginários para as crianças que por eles são acompanhadas, sendo estes geralmente benéficos ao desenvolvimento normal e saudável da criança. Proporcionando uma maior familiaridade com o tema descrevendo suas características e as relações entre a criação dos amigos imaginários com criatividade e a imaginação. Também foram analisados os fatores que determinam e que contribuem para a ocorrência do aparecimento dos amigos imaginários.

Observou-se também que o aparecimento dos amigos imaginários não ocorre apenas na infância, podendo ocorrer também em adolescentes, por exemplo, em “O Diário de Anne Frank” aonde Anne chama seu diário de Kitty e escreve nele como se estivesse conversando com um interlocutor, o próprio diário. Também foi observado o aparecimento de amigos imaginários na terceira idade, o que pode ocorrer devido a um sentimento de solidão, aonde os idosos podem dialogar com seus amigos e parentes já falecidos.

Aponta-se também a importância do amigo imaginário para o desenvolvimento da comunicação, da criatividade e da cognição da criança. Os amigos imaginários podem aparecer para suprir eventuais lacunas afetivas e ajudar na elaboração de questões psíquicas, aparecendo em situações de mudança, como a chegada de um irmão, ou uma mudança de casa, por exemplo. Também podem ser responsabilizados pelos atos que as crianças cometem sabendo ser errado, como pegar um biscoito no pote antes do jantar, e ao ser flagrado dizer que era para seu amigo imaginário, ou que foi ele quem mandou, por exemplo. Também podem ser utilizados para a criança questionar o que não tem coragem de questionar sozinha, como uma separação dos pais, etc.

É mais comum o aparecimento dos amigos imaginários para filhos únicos ou filhos primogênitos, isso não quer dizer que outras crianças não os tenham, mas é mais recorrente a crianças que não possuem outras crianças da sua idade por perto ou que ficam mais tempo sozinhas, podendo suprir uma necessidade de espelhamento e dialogo com alguém da mesma idade. O amigo imaginário faz parte do diálogo egocêntrico, aonde a criança cria outra imagem para ela mesma, podendo até servir como alter-ego em alguns casos. Alguns especialistas chamam esta fase de “esquizofrenia saudável”, pois a criança sabe que este amigo está apenas em sua imaginação e que não é real, mesmo que insista para que ele sente a mesa para o jantar junto com sua família. Os amigos imaginários podem ter a forma de outra criança, um animal, um personagem de desenho animado que a criança assiste, uma criação de sua imaginação como um elefante amarelo com asas, por exemplo. Também pode ser uma boneca ou um bicho de pelúcia ao qual a criança atribui vida, como, por exemplo, o tigre de pelúcia Hobbes (Haroldo, em português), nos quadrinhos de Calvin e Hobbes.

Com a realização das pesquisas e composição do presente trabalho foi escolhida como forma de apresentação um mapa cognitivo, contendo os pontos principais de forma articulada com questionamentos e provocações aos colegas e ao professor para quem o presente trabalho será apresentado nas últimas semanas do primeiro semestre de 2017. Acreditamos que o mapa fornece uma melhor visualização da amplitude do assunto, permitindo a visualização das interligações e dos questionamentos. 

Pretende-se também propor uma dinâmica de imaginação ao grande grupo, aonde se instiga a criar, descrevendo ou desenhando, um amigo imaginário para si, ou a tentar recordar seu amigo imaginário da infância, caso tenha ocorrido. É custoso recordar-se de um amigo imaginário da infância, pois normalmente eles se vão após cumprirem sua função na situação difícil ou após a entrada da criança na escola. Também pretende-se questionar se há o conhecimento de alguma criança próxima que tem ou teve amigos imaginários para exemplificar, na vivencia prática, esta criação.

 

RESULTADOS

 

O estudo buscou nos mostrar que através da imaginação, a criança pode fantasiar que tem um amigo imaginário, que é um personagem com o qual brinca e até briga. Isso é normal e faz parte do desenvolvimento. Quem nunca viu uma criança brincar sozinha? Ou ficar horas conversando consigo mesma inventando histórias?

O amigo imaginário permite à criança treinar o relacionamento social e desenvolver a criatividade nas brincadeiras que constrói, é preciso estimular a imaginação, pois ela, se saudável, contribui para formação intelectual, além de diminuir a frustração e ajudar no desenvolvimento da linguagem. É comum que a criança tenha amigos imaginários, porém, é importante que os pais estejam sempre atentos e saibam identificar o limite saudável da brincadeira.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

No presente trabalho podemos concluir que ter um amigo imaginário é comum, principalmente durante a infância. O amigo imaginário serve como um mecanismo do subconsciente infantil para a diminuição do estresse em determinadas situações, serve também como uma expressão de seus sentimentos e preparo para a vida adulta (FREUD, 1908).

O amigo imaginário ajuda no desenvolvimento criativo e social das crianças, pois a criação e o convívio requerem esforço em ambas as partes e exercita seus pensamentos modificando sua realidade, dessa forma, a criança pode reajustar os elementos de seu mundo para que fique do jeito que imagina ou seu subconsciente necessite.

É mais fácil encontrarmos crianças com amigos imaginários, pois elas são mais criativas do que os adultos, o que fica perceptível no brincar, desenhar e até mesmo criar seus amigos imaginários que podem ser visíveis como em ursinhos de pelúcia ou mesmo invisíveis a outros olhos senão o da própria criança, tomando a forma que ela cria em sua cabeça.

A criação e o relacionamento da criança com seu amigo podem ser explorados para saber o que se passa em sua cabeça. Seus sentimentos, seus medos, suas limitações e vontades. No entanto, a partir do momento em que a criança passe dos limites, ou seja, comece a fazer coisas erradas e culpar seu amigo imaginário, por exemplo, os pais precisam estar atentos e estudar o motivo não só de seu ato, mas também do surgimento do amigo imaginário, levando em conta que muitas vezes a o amigo se torna uma coisa que a criança queria ser, mas não tem coragem para tal.

No geral, a prática é normal e saudável, estimula a criança em diversas áreas e pode ser uma porta para a aproximação dos pais com seus filhos, usando seu amigo como ponte e até mesmo entrando na brincadeira.

Segundo Piaget, Vygotsky e Wallon, a capacidade de aprender e se desenvolver se dá a partir de trocas entre o sujeito e o meio. As crianças, através do contato com outras pessoas, desenvolvem a sua capacidade afetiva, sua auto-estima, o pensamento, a linguagem e sensibilidade (FELIPE, 2001).

Dentro dos momentos observados cabe destacar a inter-relação entre as crianças, especialmente entre irmãos, aonde muitas vezes o mais velho auxilia o mais jovem, impulsionando o balanço, convidando para a brincadeira, fazendo a mediação com a mãe. De acordo com Jaitin (2001), o vínculo fraterno é importante constitutivo do aparelho psíquico, além de se tratar de uma construção psíquica comum, que permite distinguir um subgrupo dentro do grupo familiar, quando duas, ou mais, crianças dividem a mesma mãe, percebem-se como não sendo o objeto privilegiado e exclusivo da figura materna, deste modo, facilitaria-se a diferenciação entre real e imaginário, assegurando um intercâmbio e mediação entre realidade psíquica e realidade factual em todos os componentes, culturais, sociais, familiares. Segundo Losso (2001) apud Goldsmid e Feres-Carneiro (2007) a função fraterna se dá como uma ajuda recíproca, de assistência e colaboração em níveis de igualdade, seria uma identificação mais próxima que os pais, já que os irmãos fazem parte da mesma geração. Através da brincadeira e do jogo a relação entre irmãos se dá em um contexto aonde é possível elaborar angustias, desenvolver criatividade, aprender e ensinar reciprocamente e descarregar moderadamente a agressividade, além de incentivar a superação por meio das competições nas quais os irmãos sempre se colocam.

Bowlby (1989) apud Benczik (2011) também reforça que é de grande importância os pais poderem fornecer uma base segura a partir da qual uma criança pode explorar o mundo exterior tendo garantia de um retorno ao qual serão bem vindos, nutridos física e emocionalmente, confortados se houver um sofrimento e encorajados se estiverem ameaçados.

Esta relação de apego tem como consequência a construção, por volta da metade do terceiro ano de idade, de um sentimento de confiança e segurança da criança em relação a si mesma e, principalmente, em relação àqueles que a rodeiam, sejam estes suas figuras parentais ou outros integrantes de seu círculo de relações sociais (BOWLBY, 1989).

 

De acordo com Bronfenbrenner e Morris (1998) apud Crepaldi et. al. (2006) o desenvolvimento humano se dá através de processos de interação cada vez mais complexos entre o individuo e as outras pessoas e o individuo e o meio. As outras pessoas funcionariam como objetos e símbolos do ambiente externo imediato e tais interações deveriam ser efetivas, ocorrendo em período razoável de tempo. Aqui a família se torna um contexto de desenvolvimento primordial aonde são fundamentais as interações entre pais e crianças para efetivar os processos proximais motores essenciais do desenvolvimento, tais como as atividades de alimentar, confortar ou brincar com a criança (BRONFENBRENNER & CECI, 1994).

De acordo com a teoria da Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky os adultos funcionariam como andaimes ao auxiliar as crianças em suas tarefas até que consigam fazê-las sozinhas, como auxiliar uma criança menor a subir no balanço ou cuidar para que desça com segurança do escorregador, o que, conforme a criança for ficando maior, já fará naturalmente, de forma a também estimular seu desenvolvimento motor. Pode-se dizer que os pais que incentivam as brincadeiras dos filhos estão também incentivando seu desenvolvimento motor, cognitivo e social.

Ainda se torna importante abordar a geração atual que utiliza muito da tecnologia em suas brincadeiras. Segundo a Abragames (2004) apud Batista et. al. (2008) uma pesquisa foi realizada e publicada por Aguilera e Méndiz (2003) na qual foi apontada a confirmação de que os jogos eletrônicos podem auxiliar a desenvolver várias habilidades, como ajudar a pensar em resoluções de problemas, propor estratégias, organizar elementos, antecipar resultados, assim estimulando o pensamento lógico. Porém se o tempo em frente á tela não for estipulado, principalmente para crianças menores, pode gerar prejuízos ao jogador, como insônia, baixo rendimento escolar, isolamento do convívio social e do contato humano e falta de paciência para resolver exercícios que necessitem de uma elaboração mental mais complexa (MENA, 2003).

O brincar é uma forma de aprendizado, aonde a criança aproveita e conhece os brinquedos, seu corpo e suas próprias capacidades. Vygotsky (2007) apud Miranda e Teixeira (2015) ressalta que “brincadeira é entendida como atividade social da criança, cuja natureza e origem específica são elementos essenciais para a construção de sua personalidade e compreensão da realidade na qual se insere.” Menciona ainda que as várias brincadeiras e os jogos oportunizam a criança a três importantes características, a imitação, a regra e a imaginação. Neste sentido, de acordo com oliveira, é correto dizer que a brincadeira simbólica fornece à criança a possibilidade de ir ao outro, viver suas respectivas experiências e voltar novamente ao seu próprio mundo. A criança, ao brincar, desenvolve sua capacidade de refletir sobre os fatos reais de formas cada vez mais abstratas, bem como constrói sua realidade, tanto pessoal quanto social. Brincando, a criança conscientiza-se de si mesma como ser agente e criativo. A relação do brincar produz e reproduz emoções, possibilitando nomear e organizar um mundo de caos para um mundo de descobertas, facilitando a abertura para o campo cognitivo. Compreende-se assim como o ato de brincar faz parte do desenvolvimento da criança, é uma necessidade básica e imprescindível. Chateau (1987) apud Miranda e Teixeira (2015) salienta, que “Uma criança que não sabe brincar, é uma miniatura de velho, e será um adulto que não saberá pensar.”

Outro aspecto que chama atenção no brincar é a separação que ocorre entre meninos e meninas, muito comum nas fases de início escolar aonde se instauram o “clube do Bolinha” e o “clube da Luluzinha”, termo que homenageia a animação da década de 30. O que muitas vezes se mantém na praça infantil, mesmo que ali não existam “brinquedos de menino” e “brinquedos de menina”. Também há a diferença de cuidado no sentido de observar que a criança não se machuque, muitas vezes o menino é incentivado e deixado solto, enquanto a menina recebe vários avisos para tomar cuidado, o que reflete comportamentos diferentes, se vê nas praças meninos mais ativos e aventureiros e meninas mais cuidadosas e prudentes.

Segundo Weintraub et al. (1984) apud Carvalho et al. (1993) meninos e meninas tendem a brincar de coisas diferentes, e a preferir brinquedos diferentes. As preferências distintas já seriam observadas por volta dos 12 meses de idade, tornando-se mais acentuadas ao final do segundo ano de vida, e muito explícitas dos 4 aos 6 anos; também aqui, os meninos apresentariam preferências mais nítidas do que as meninas. Uma criança que tem maior possibilidade de experimentação também terá uma ampliação de repertório e enxergará o brincar além das questões de gênero. Por isso, é importante que os pais proporcionem experiências mais amplas e de diversidade para o seu filho. “É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto fruem sua liberdade de criação.” D.W. Winnicott.

 




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Agradecimentos especiais a:

Cristina Zabloski De Mattos

George Lucas Franche

Maiara Ferreira

Maria Luiza Dresch Buttinger

Maria Paula de Castro Gass

Natália Corsetti Ponzi

Nathan da Rocha Miranda Costa

Simone Marques Herter



Artigo não publicado oficialmente - Não Plagie!!! 

domingo, 4 de julho de 2021

Análise Crítico Reflexiva: A História da Psicologia da Saúde no Brasil

 

Sebastiani, R. W. (2003). Psicologia da Saúde no Brasil: 50 Anos de História.
Suma psicol; 10(1):25-42.

 


A doença não é mais vista como individual, mas social. O paciente não é mais passivo, mas deve assumir papel ativo em seu processo saúde-doença. Sendo responsável por si e adquirindo comportamentos mais saudáveis. O fenômeno saúde e doença é mutifatorial, sendo assim, está ligado também a causas sociais, culturais e econômicas. A dimensão biopsicossocial do processo de saúde e doença é um espaço inquestionável da atuação da psicologia, com a intenção de melhorar as condições de saúde e a qualidade de vida do ser humano, promovendo a saúde e prevenindo a doença, a partir do comportamento e do estilo de vida do sujeito. De acordo com Souza & Delevati (2013) as doenças, na atualidade, estão mais relacionadas ao estilo de vida dos sujeitos, as causas ambientais, ecológicas e padrões comportamentais. A mortalidade acentuada de comunidades urbanas e industrializadas está diretamente associada aos estilos de vida da população, ao stress e às emoções resultantes dos estilos de enfrentamento, a padrões de condutas, crenças e atribuições. Os problemas em relação à habitação, serviços urbanos e contaminação ambiental tendem a agravar a situação do individuo, unidos ao uso de substâncias, como o álcool e a condutas anti-sociais. Sendo intensificadas também pelos problemas em infra-estrutura e políticas sanitárias afetadas pela constante crise. Neste cenário busca-se repercutir a idéia de que a saúde se trata de um dos valores mais importantes do ser humano.

 

O presente artigo expõe uma linha do tempo da Psicologia da Saúde no Brasil, que se inicia na década de 50, antes mesmo da regulamentação da psicologia como profissão, que ocorre na década de 60. Sendo o Brasil o país que mais precocemente iniciou os trabalhos no campo da Psicologia da Saúde. Os primeiros movimentos para oficializar a psicologia no Brasil datam do início dos anos 50. Porém, já havia inúmeros profissionais atuando desde a década de 20. No início dos anos 60 a Psicologia é reconhecida oficialmente como profissão no país, e há então uma expansão de várias iniciativas de psicólogos com o intuito de desenvolverem seus trabalhos vinculados a hospitais gerais. Na mesma década, iniciam-se atividades voltadas a atenção à saúde da população com a participação de psicólogos, já expandindo seu campo de atuação para além dos consultórios. Na década de 40 o Brasil adotou uma política de saúde predominantemente assistencialista, de atenção secundária, em detrimento à sanitarista, de atenção primária, o que ainda reflete na prática do Psicólogo da Saúde Brasileiro. A partir da década de 70 houve grande desenvolvimento na área acadêmica em relação à Psicologia da Saúde.  Na década de 80 passou-se a vivenciar grande produtividade no campo da Psicologia da Saúde, sendo cada vez maior o numero de psicólogos recém formados a procurar a área de Psicologia da Saúde para desenvolver seus trabalhos.

 

Em 1983, quando havia mais duvidas do que certezas, o Conselho Regional de Psicologia exprime que a psicologia hospitalar ou da saúde, tem suas particularidades que a diferenciam das outras práticas de psicologia, como a multidisciplinaridade, ação em ambiente aberto e variável, tempo limitante, morte e morrer como presenças constantes no ambiente de trabalho, necessidade de uma visão multifatorial do paciente, abrangência maior de conhecimentos específicos e possibilidade de inúmeras intervenções, com pacientes, famílias, profissionais da saúde, entre outros.

 

O trabalho multidisciplinar na psicologia permite mais do que explicar o sofrimento do paciente, mas tenta compreender este sofrimento, articulando com a sua realidade existencial (Souza & Delevati, 2013). Segundo Castro & Bornholdt (2004) o trabalho interdisciplinar é essencial dentro da Psicologia da Saúde. Essa área fundamenta seu trabalho principalmente na promoção e na educação para a saúde, visando a prevenção. Contudo o profissional da psicologia não se mostra preparado para esta realidade.

 

Nos mais de 50 anos de história da Psicologia da Saúde pode-se constatar um crescimento constante da área como ciência e profissão, entretanto, não se consideram todos os objetivos alcançados. A presença do profissional de psicologia junto a estas demandas é historicamente muito curta, se comparada ao tamanho dos problemas que se enfrenta, sendo considerado que a população encontra-se minimamente bem assistida, exigindo ainda grande trabalho porvir.

 

A Psicologia da Saúde tem sido considerada um campo de trabalho da Psicologia que nasce para dar resposta a uma demanda sócio-sanitária. Tendo destaque na multidisciplinaridade, mas sem negar a psicologia como fonte. Entretanto, Sebastiani (2003) expõe uma insuficiente incorporação de psicólogos ao campo da saúde, sendo a formação limitada é insuficiente para esta atuação. Constatou-se que, em 2003, haviam aproximadamente 100.000 psicólogos registrados no Conselho Federal de Psicologia, mas apenas 20% atuavam na área específica da Psicologia da Saúde. Mesmo sendo a área que mais tem absorvido psicólogos nos últimos 15 anos, sendo uma alternativa ao gradativo esvaziamento dos espaços antes ocupados pelas atividades de consultório, pautada num modelo clinicalista já desgastado. Castro & Bornholdt (2004) colocam a estatística que: “54,9% dos psicólogos que exercem a profissão trabalham na clínica em consultório particular, enquanto apenas 12,4% dos profissionais atuam em Psicologia da Saúde e 0,6% são pesquisadores.” (p. 53) De acordo com Castro & Bornholdt (2004), a Psicologia da Saúde demonstrou rápido crescimento em recursos humanos, mas uma insuficiente incorporação dos psicólogos nos setores de saúde. Tendo ainda uma produção cientifica escassa.

 

Com esta migração de área dos psicólogos há uma necessidade de buscar novas referências e instrumentos, diferentes das aprendidas na formação. A Psicologia da Saúde foi, aos poucos, adquirindo sua própria identidade, entretanto tem sido as ferramentas da psicologia clinica e tradicional que ainda tem predomínio na graduação. Sebastiani (2003) critica que ao longo dos últimos anos a academia tem se afastado cada vez mais das questões sociais. Refletindo na graduação deficitária e insuficiente para a prática do Psicólogo da Saúde, que sai da formação sem possuir conhecimento ou experiência da realidade clinica e sanitária do país. Apenas uma minoria de recém formados ingressa nos sistemas de saúde e instituições hospitalares, e muito poucos profissionais nos serviços de atenção primária. O numero de psicólogos recém formados desempregados aumenta gradativamente, já que a prática em consultório particular se torna cada vez mais difícil devido aos problemas socioeconômicos e da falência gradativa dos modelos tradicionais.

 

Souza & Delevati (2013) defendem que é faz necessário investir em uma formação adequada, capaz de habilitar o profissional a realizar uma analise critica da realidade brasileira, permitindo assim detectar alternativas de intervenção e ser capaz de acompanhar e responder as demandas sociais e políticas para melhoria da qualidade de vida. Aonde se justificaria a formação generalista em psicologia, que capacita a problematização e a busca de soluções a partir de conhecimentos teóricos e práticos, tendo a ética como base, além de currículos flexíveis. O curso de graduação deveria ser entendido como inicio de um longo percurso de formação continuada. É necessária uma formação que o habilite a realizar uma analise critica da realidade brasileira, sendo capaz de intervir, acompanhar e responder as demandas sociais e políticas para melhoria da qualidade de vida.

 

Castro & Bornholdt (2004) expõem que a psicologia, por vezes, parece um retrato, um reforço a desigualdade, com práticas elitistas que beneficiam uma pequena parcela da população. O psicólogo passou a se depara com problemas que escapam do domínio da clínica tradicional, mas dizem respeito às condições de vida da população. Houve uma diminuição da procura de clientes em consultórios particulares devido ao empobrecimento da população, o que levou os psicólogos a trabalharem com pessoas mais carentes, tornando seu serviço mais acessível. Os autores acreditam que quando o individuo não tem como ir ao psicólogo, o psicólogo deve ir até o indivíduo.

 

Segundo Souza & Delevati (2013) a psicologia vem buscando expandir seu campo de atuação, esta mudança é vista na reestruturação curricular dos cursos de psicologia, sendo comuns disciplinas que enfocam a psicologia comunitária, institucional, hospitalar, esportiva, forense, etc. A mudança da prática de psicologia reformulou também o campo teórico. O que permitiu uma nova visão de ser humano que levasse em conta sua historicidade, havendo assim uma abrangência do contexto social em que o individuo está inserido. O Profissional de psicologia, ao se inserir na realidade de sua atuação vai se redefinindo e buscando espaços, propondo novas formas de compreensão de ser humano, e assim também uma nova forma de lidar com esta pessoa, que faz parte do contexto sociocultural (Souza & Delevati, 2013).

 

Souza & Delevati (2013) ainda colocam que o psicólogo da saúde deve ter uma atuação de compromisso com o contexto social. A prática da Psicologia da Saúde deve envolver serviços a comunidade, o ensino e a pesquisa, dentro da realidade brasileira, construindo um novo saber, pautada em uma abordagem holística, ira apresentar uma nova perspectiva para a prática clinica. Não há como separar psicologia e saúde. A Psicologia precisa ter como campo de atuação a própria realidade contemporânea.

 

 


Referências:

 

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Souza, A. R. B; & Delevati, D. (2013). O Fazer do Psicólogo na Saúde. Cadernos de Graduação. Ciencias Biologicas e da Saúde Fits, Maceió. V.1, n.2, p.79-87.