INTRODUÇÃO
Os transtornos alimentares são distúrbios psiquiátricos
caracterizados por alterações no comportamento alimentar, podendo ser
classificadas como distorções perceptuais que levam ao desenvolvimento de
problemas físicos e psíquicos. São patologias graves de causa multifatorial,
onde fatores biológicos, psicológicos e sócio-culturais se somam.
Disfunção alimentar, ou transtorno alimentar, é um termo amplo
usado para designar qualquer padrão de comportamentos alimentares que causam
severos prejuízos à saúde de um indivíduo. São considerados como patologias e
descritos detalhadamente pelo CID 10, DSM V e pela OMS. Geralmente apresentam
as suas primeiras manifestações na infância e na adolescência. O diagnóstico
precoce é uma abordagem terapêutica adequada dos transtornos alimentares são
fundamentais para o manejo clínico e o prognóstico destas condições. Aproximadamente 90% dos casos são de mulheres
jovens, porém recentemente está havendo um aumento no número de transtornos em
homens e em adultos de ambos os sexos.
Esses transtornos atingem entre 1 e 4% da população e seguem aumentando
de frequência significativamente nos últimos anos (APPOLINARIO e CLAUDINO,
2000).
No presente trabalho tem-se por objetivo discutir sobre os
transtornos alimentares na adolescência e seus diversos aspectos. Existem
inúmeros outros transtornos alimentares, mas devido a esta abrangência a
pesquisa será delimitada. Será apontada a forte influência da mídia, a
influência do luto pela perda do corpo infantil, citado na Síndrome da Adolescência
Normal de Aberastury e Knobel, assim como a influencia da profissão do
indivíduo, a ligação com outras sintomatologias, como ansiedade e depressão,
com transtornos alimentares, a anorexia, a bulimia, também será observado que
os transtornos alimentares atingem também homens, e abordaremos transtornos menos
comentados como a vigorexia.
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
Transtornos alimentares são quadros caracterizados por aspectos
como medo mórbido de engordar, preocupação exagerada com o peso e a forma
corporal, redução voluntária do consumo nutricional com progressiva perda de
peso, ingestão maciça de alimentos seguida de vômitos e uso abusivo de laxantes
e ou diuréticos. Trata-se de patologias graves e de prognóstico reservado.
Provocam elevados índices de letalidade e levam a limitações físicas,
emocionais e sociais. (ABREU e CANGELLI FILHO, 2005) A seguir serão apontados
alguns dos principais fatores pesquisados em relação aos transtornos
alimentares.
Transtornos
Alimentares Relacionados ao Luto Pela Perda do Corpo Infantil
Cada vez mais os transtornos alimentares vêm ganhando espaço na
mídia, nas pesquisas do mundo acadêmico e científico, e nas práxis médica e
psicológica. A divulgação, os estudos e os casos trabalhados na clínica parecem
seguir, conforme pesquisas um padrão de incidência dos transtornos a um grupo
mais ou menos específico de pessoas, a saber: adolescentes e jovens adultos.
Junto com uma opinião quase unânime de que os mesmos giram em torno de uma
visão deformada do corpo físico, e um comportamento severo na intenção de
controlá-la.
A adolescência é um período multifacetado do desenvolvimento
humano, que coincide mais ou menos com o início da puberdade, sendo este um
processo crítico na vida do sujeito obrigando-o a construir uma nova identidade
baseada em novas relações objetais e, também, um novo corpo.
Muitos autores têm se debruçado sobre este momento da vida humana,
mas é aos desenvolvimentos teóricos de Knobel e Aberastury que se encontra um
ponto nevrálgico sobre o qual trabalhar. Knobel, se referindo à adolescência,
identifica três lutos vivenciados na adolescência que serão decisivos na
construção de sua nova identidade adulta: o luto pelos pais da infância, o luto
pela identidade infantil e o luto pelo corpo infantil.
A adolescência marca um período de mudanças psicológicas,
corporais, entre outras, nessas mudanças ocorrem os lutos e alguns deles podem
ajudar a desenvolver algum transtorno alimentar. As mudanças corporais
relacionam-se com o luto do corpo infantil, geralmente ocorre na puberdade,
onde o corpo começa a se modificar e a criança, que está se tornando
adolescente, se assusta ao perceber as mudanças de seu novo corpo. A partir
disso, o adolescente pode desenvolver um transtorno por não querer mudar, ou
por não se sentir bem no seu novo corpo.
Devido à puberdade o pré-adolescente começa a passar por diversas
mudanças corporais como o crescimento dos pelos, da barba, mudança da voz,
alongamento dos membros, maior destaque das genitálias junto da menarca, nas
meninas, e a produção de sêmen, nos meninos. E, impossibilitado de impedir
essas mudanças, o pré-adolescente só pode assistir passivamente a todas essas
mudanças e elaborar, através do processo de luto, a perda desse corpo antigo
que não poderá mais ter.
Em relação ao luto pelos pais da infância, percebe-se que o
adolescente tira o foco no olhar do outro e coloca sobre o corpo, onde se busca
um “corpo perfeito”. Esse corpo pode ser tanto para agradar a si mesmo ou a um
desejo de agradar aos pais. Pode-se apontar também a diferença entre homens e
mulheres na percepção deste luto, pois enquanto ao menino é celebrado o
crescimento, com o aparecimento da barba, por exemplo, e dos músculos que
demonstra que está se tornando um homem, para a menina não é apresentada tanta
gloria social pela constituição de um corpo feminino, com o crescimento dos
seios, por exemplo, e este encurvamento pode ser visto pela menina como um
ganho de peso, trazendo assim um neuroticismo pela magreza de sua infância.
O papel dos pais nesta fase de mudanças é fundamental para o
adolescente, seus hábitos alimentares influenciam muito a gerar ou não um
transtorno, por tanto, é importante manter uma alimentação balanceada, não
apenas para agradar. Também é importante a visão que os pais têm sobre os
filhos, a ausência desse olhar pode causar aflição, onde o adolescente pode
usar a comida, ou a falta dela, como um mecanismo de defesa, levando-o a gerar
algum transtorno.
Influência da
Mídia nos Transtornos Alimentares
Ao longo dos séculos os padrões de beleza foram mudando muito pelo
mundo. Sabe-se que como qualquer outra patologia os transtornos alimentares são
multifatoriais, tem variáveis biológicas, psicológicas e culturais. Não se pode
afirmar que a mídia seja responsável pelos transtornos alimentares, já que
estes existem há mais tempo, apenas não eram compreendidos, porém é visível que
a mídia influencia muito ao apresentar os padrões de beleza impostos pela
sociedade levando muitas pessoas a não se sentirem satisfeitas com seus corpos
e irem em busca de um “corpo perfeito” e idealizado.
Esse padrão inatingível de magreza, amplamente difundido na mídia
(televisão, revistas, cinema) e nos desfiles e comerciais, etc. já penetrou no
inconsciente coletivo e aprisionou as pessoas dentro de si mesmas. Em
consequência disso, mais de 98% das mulheres não se vêem bonitas. As mulheres
nunca foram tão expostas a ideais estéticos quanto hoje, era da tecnologia da produção
de massa (CURY; 2005).
Muitas vezes há o comportamento de risco nesta busca pelo corpo
idealizado, com dietas restritivas e desequilibradas, hábitos alimentares
inadequados, relação inadequada entre o alimento e o corpo, quadros de bulimia,
anorexia, atividades físicas em excesso sem os cuidados adequados, utilização de
medicamentos desnecessários, etc.
A mídia também pode ser apontada como grande culpada pela
medicalização desnecessária por conta de suas diversas propagandas incentivando
seu uso, fazendo o público acreditar que deve consumir um remédio do qual não
precisa para ter um corpo bonito, igual ao das atrizes e modelos e usar as
roupas da moda, geralmente apresentadas nos grandes desfiles de grandes marcas
em um tamanho que apenas aquelas modelos - ideais de beleza magra e normatizada
pela profissão - conseguiriam vestir. A moda também dita um padrão
predeterminado onde a magreza é associada a um corpo saudável e a beleza,
principalmente feminina. O mundo das dietas e a indústria do emagrecimento
inclui ainda livros, revistas, artigos de jornal, programas de televisão,
vídeos com exercícios, academias de ginástica, regimes alimentares e cirurgias
plásticas. As mulheres são o principal alvo de tais investidas. A indústria da
dieta prioriza o lucro e ignora os danos à saúde. Assim, informações deturpadas
invadem o universo das mulheres que buscam, incansavelmente, esse ideal
impossível para a maioria delas, visto que existem biótipos diferentes.
O padrão de beleza veiculado pelos meios de comunicação e pelo
convívio social parece exercer um efeito marcante sobre as mulheres. Em
pesquisa, universitárias sem transtornos alimentares, expostas ao modelo de
corpo magro, a imagens neutras e a imagens de mulheres de peso normal/sobrepeso
relataram que as mulheres magras eram tidas como mais atraentes e que a
exposição ao modelo magro gerava um aumento de respostas afetivas negativas
(culpa, depressão, infelicidade, vergonha). Mais ainda, o reforço social
exercido pela família, pelos amigos e pela mídia em adolescentes e adultas
jovens para se ter o corpo magro relaciona-se à presença de sintomas bulímicos
e prediz o início de sintomas nesta população (GRANDO e ROLIM, 2005).
Sabe-se que homens também sofrem com transtornos alimentares.
Porém as mulheres são expostas a este padrão desde a sua infância ao brincar
com a boneca Barbie, por exemplo, uma boneca que tem perfil de modelo e ideal
de beleza que nos é apresentada há mais ou menos 50 anos com a mesma aparência
inalcançável a alguém de carne e osso sem a realização de inúmeras cirurgias
plásticas. O avanço da tecnologia da beleza, através da mídia, modela
subjetividades e impulsiona a indústria da magreza (ANDRADE e BOSI, 2003).
Embora se discuta mais a importância deste assunto ainda
observa-se muito poucas atrizes e modelos que não seguem estes padrões
estéticos. Ainda há propagandas que falam em ter um corpo ideal para o verão,
ideal para usar biquíni. Ora, porque todos os corpos, na infinita pluralidade
de diferenças, não podem ser ideais para o verão e para o biquíni? Porque
apenas o corpo que está dentro do padrão estético idealizado é ideal para o
verão? No mundo contemporâneo, a globalização e a mídia em todas as suas formas
de expressão vêm desempenhando, como nunca antes, papéis estruturantes na
construção deste modelo (SERRA, 2001). Personalidades, atrizes e modelos
esbeltas, com alta estatura e musculatura definida ditam o ideal corporal que
“deve” ser seguido (CARRETEIRO, 2005).
A mídia e o ambiente social destacam-se entre os fatores de risco
para os transtornos alimentares, associados principalmente ao culto a magreza.
Transtornos como anorexia e bulimia causam uma alucinação, uma percepção
distorcida do corpo onde o indivíduo se vê gordo, acima do peso, mesmo estando
em um estágio perigoso de sub peso. Ocorre mais em mulheres do que em homens e
principalmente em mulheres jovens e adolescentes. A influência da mídia,
fortalecida pela globalização e pela sociedade, foi descrita por Anschutz e
Oliveira e Hutz, que enfatizam a contradição entre o apelo ao estilo de vida
saudável ao mesmo tempo em que se enaltece o ideal de magreza e se incentiva o
consumo de alimentos calóricos. O aumento da prevalência de transtornos
alimentares está intimamente ligado a questões sociais, culturais e econômicas
do mundo moderno. No ocidente isso se dá de modo especial, onde o “belo deve
ser magro”, crença esta amplamente divulgada pela mídia (CORDÁS e CLAUDINO;
2002).
Temos claro como a influência da mídia promove distúrbios da
imagem alimentar e corporal. Modelos, atrizes e outros ícones de beleza
femininos ao longo das décadas vêm se tornando mais magras. A indústria
corporal encarrega-se de reforçar imagens e criar desejos padronizando corpos
que por se sentirem fora das medidas, sentem-se insatisfeitos e cobrados. Parte
de nossa sociedade sai em busca de uma aparência física idealizada devido à
influência que a mídia exerce ao mostrar corpos idealizados e considerados atraentes
(RUSSO, 2005). Estudos revelam que adolescentes expostos à mídia em sua maioria
são insatisfeitos com sua imagem corporal (BECKER et al., 2002).
No entanto, surge um paradoxo, a imagem corporal real da maioria
das pessoas não corresponde à imagem corporal propagada, o que faz com que as
pessoas se sacrifiquem na busca dos padrões de beleza publicados pela mídia,
busca esta de um padrão ou modelo dito ideal que leva as pessoas à doença e até
mesmo a morte (SERRA e SANTOS, 2003).
Tem-se uma visão estática de beleza, aonde belo é apenas o que
está dentro do padrão, se isso for uma verdade, a maioria das pessoas não é
vista como bela, nem pelos outros, nem por si mesma, pois este padrão
encontra-se fora de alcance para muitas devido a suas estruturas corporais,
biótipos e metabolismos diferentes. O culto ao corpo e a ênfase da sociedade
contemporânea no ideal de magreza com as infindáveis propagandas na mídia de
vários produtos que auxiliam a perda de peso, regimes, o aumento no número de
academias e do número de revistas sobre o assunto, propiciam um ambiente
sociocultural que justifica a perda de peso, trazendo consigo uma simbologia de
que a beleza física proporcionaria autocontrole, poder e modernidade.
Entretanto, essa imagem corporal idealizada é um padrão impossível ou
impróprio, incompatível para a grande maioria da população. Pessoas que não
possuem este padrão de beleza imposto principalmente pela mídia, sentem-se
discriminadas, seja pelos amigos ou até mesmo pelos próprios familiares. Estas situações,
muitas vezes tornam-se agravantes dos transtornos alimentares. A questão
estética deixa de ser harmônica e passa a ser imposição, criando uma verdadeira
epidemia de culto ao corpo. Culto este
que transforma o corpo em objeto, distante do real do sujeito, a tentativa de
ser algo que não lhe compete. A indústria cultural através dos meios de
comunicação encarrega-se de reforçar imagens e criar desejos padronizando
corpos. Na contemporaneidade, olhares voltam-se ao corpo sendo moldado por
atividades físicas, tecnologias estéticas e cirurgias plásticas (RUSSO, 2005).
Muitas vezes esta autocrítica excessiva vem de padrões de beleza
impostos pela mídia, onde são mostradas mulheres excessivamente magras com um
padrão de beleza que foge ao da maioria das mulheres ditas “comuns” o que
agrava o caso da baixa auto-estima. A maioria das mulheres que sofrem algum
tipo de transtorno alimentar, como por exemplo, a bulimia nervosa toma como
padrão de beleza única e exclusivamente mulheres magérrimas, vistas em desfiles
de moda e revistas que enfatizam o baixo peso. O que por fim, acaba agravando e
aumentando cada vez mais os casos de algum tipo de transtorno alimentar.
Anorexia e a
Distorção da Imagem Pessoal
A Anorexia Nervosa (AN) é definida como síndrome grave do ponto de
vista psiquiátrico, ela se manifesta no desejo pela magreza excessiva,
demonstrando divergência entre a imagem pessoal e a social do indivíduo. O
comportamento do anoréxico é monótono e ritualizado, ocasionando em crianças e
adolescentes um atraso no desenvolvimento, visto que, tem como reflexo uma
perda significativa de peso.
A Anorexia Nervosa tem sua maior ocorrência entre mulheres jovens
de origem ocidental, esta varia de 0,3% a 0,9%, uma taxa menor do que a
incidência de Bulimia Nervosa (BN), que varia de 1% a 2%. Porém, alguns
pesquisadores entendem que esta taxa é na realidade ainda maior, já que, não se
incluem nestes números as síndromes parciais ou comportamentos de risco para o
desenvolvimento de transtornos alimentares por dificuldades metodológicas.
A relação entre
a anorexia e a bulimia é a algum tempo relatada na literatura, um estudo com
2.881 pacientes adolescentes mostrou que o diagnostico prévio de AN e BN esteve
presente em 24% dos pacientes com BN sub clínica e em 31% daqueles com BN
clínica. Outro estudo prospectivo com 99 adolescentes concluiu que aqueles com
casos sub clínicos de AN e BN tinham chances duas vezes maiores de ingressar na
idade adulta dependendo de nicotina, com desordens relacionadas ao consumo de
álcool ou usando anfetaminas.
Muitos dos entrevistados atribuem o início de suas novas práticas
alimentares a circunstâncias difíceis em que se encontravam:
Foi do nada!
Não sei se foi porque o meu namoro começou a ficar ruim, minha autoestima
baixou e eu queria ser melhor, ou se esses dois quilos que eu ganhei a mais me
fizeram, sei lá... Ou se eu precisava de alguma coisa pra ocupar a minha
cabeça. Porque isso ocupa a sua cabeça 24 horas, desde a hora que você acorda.
[...] Então, se você quer ocupar a sua cabeça com alguma coisa, tenha anorexia!
Porque é, realmente, uma válvula de escape. [...] Só que é uma válvula de
escape doente. Igual droga, entendeu? (Ema)
Ema, com 18 anos na época da entrevista, iniciou os sintomas
anoréxicos aos 16 anos. Nessa passagem, pode-se identificar que a obsessão
sobre a imagem do próprio corpo funcionou como uma saída para seus problemas.
Apesar de a anorexia ter início, em geral, na adolescência, para alguns autores
ela pode ser encontrada ainda a partir dos 7 anos de idade.
Já dentro da realidade brasileira, apesar dos estudos em relação a
estes transtornos alimentares ainda serem escassos, podemos ter uma breve ideia
da realidade dos mesmos através de um estudo realizado em 2008 na cidade de
Florianópolis. Entre os 1.229 adolescentes do sexo feminino de 10 a 19 anos
entrevistados, 15,6% mostraram sintomas de AN e 18,8% relataram insatisfação
corporal. Neste estudo também foram encontradas relações entre os sintomas de
AN, insatisfação corporal, sobrepeso e obesidade, com aqueles que estudavam na
rede pública de ensino e que tinham faixa etária entre 10 e 13 anos.
O Que é a
Bulimia Nervosa? Causas, Sintomas e
Tratamento
A bulimia nervosa (BN) é um transtorno alimentar onde o paciente
oscila entre a ingestão exagerada de alimentos conflitando com o sentimento de
perda de controla sobre a alimentação, e que é seguido por episódios de vômitos
ou o uso de laxantes para impedir o ganho de peso, já que pessoas com bulimia
nervosa se preocupam muito com a aparência e o ganho de peso. A descrição de
bulimia nervosa, tal como a conhecemos hoje, foi elaborada por Russell em 1979,
quando descreveu trinta pacientes com peso normal, pavor de engordar, episódios
bulímicos e vômitos auto induzidos. Como essas pacientes haviam apresentado
anorexia nervosa no passado, Russel considerou inicialmente que a bulimia seria
uma sequela, uma “estranha” variação da anorexia nervosa (RUSSELL, 1979).
As causas da bulimia nervosa ainda são desconhecidas, por se
tratar de um transtorno de alimentação muitos fatores podem estar envolvidos, a
influência da mídia pode estar associada ao surgimento do quadro. O culto ao
corpo magro e o desprezo às pessoas acima do peso pregado pela indústria da
beleza e da moda, aparentemente, levam milhões de pessoas em todo o mundo a
apresentar quadros de bulimia nervosa. As relações familiares também não ficam
atrás ao exibir as mesmas premissas de relação. As trocas parentais são, na
maioria das vezes, marcadas por baixos níveis de cumplicidade e respeito
interpessoal entre os membros. As famílias dos pacientes com bulimia nervosa
são descritas nas pesquisas como perturbadas, mal organizadas e com dificuldade
de expressão, de afeto e cuidado (LASK, 2000). No trabalho, sintomatologias
parecidas acabam por aparecer, já que muitos pacientes não sentem ter
encontrado ainda “a atividade de suas vidas”, o que contribui para rotinas que
muitas vezes as afastam do interesse, prazer e da realização pessoal.
Logo, a bulimia nervosa trata-se de um distúrbio de imagem, aonde
o paciente não consegue aceitar seu corpo da forma que ele é ou tem a impressão
de que está acima do peso muitas vezes com níveis acima da realidade. Atitudes
assim podem desencadear quadros de ansiedade fazendo com que a pessoa busque
maneiras bruscas de eliminar peso, ao mesmo tempo em que busca conforto na
comida.
De maneira geral, pode-se afirmar que pacientes com bulimia
nervosa apresentam uma auto-estima oscilante, fazendo-as acreditar que podem
resolver os problemas de insegurança pessoal através da sua imagem corporal,
que deve ser bem delineado, e para isso acabam desenvolvendo dietas impossíveis
de serem seguidas, acreditam que ter o controle de suas medidas lhes
proporcionará uma condição de segurança emocional.
O tratamento dos transtornos alimentares é, quase sempre,
desafiador e complexo, visto que se depara com um quadro de confusão,
perplexidade e de franco desespero do paciente e de seus familiares. Assim,
várias modalidades terapêuticas específicas são necessárias e desenvolvidas por
equipe multiprofissional, entre elas a terapia nutricional, baseada na orientação
e reeducação alimentar, a psicofarmacoterapia, a psicoterapia individual e a de
grupo familiar.
Transtornos
Alimentares Masculinos: Explanando a Vigorexia
A sociedade exerce forte pressão sobre qual deve ser a estrutura
corporal dos indivíduos de ambos os sexos. Enquanto para mulheres o corpo magro
é considerado ideal e representa sua aceitação na sociedade, para os homens
este padrão corresponde a músculos cada vez mais desenvolvidos, muitas vezes
alcançados somente com o uso de substâncias como esteróides anabolizantes.
(DAMASCENO, et al; 2005) É bem descrito na literatura que atletas apresentam
maior prevalência de Transtornos Alimentares do que não atletas. (OKANO, et al;
2005)
A vigorexia pode ser conhecida também como dismorfia muscular ou
anorexia nervosa reversa, se trata de um transtorno dismórfico corporal e
envolve uma preocupação de não ser suficientemente forte e musculoso em todas
as partes do corpo. Indivíduos com este transtorno se descrevem como fracos e
pequenos, mesmo com musculatura desenvolvida em níveis acima da média,
caracterizando uma distorção da imagem corporal. Estes se preocupam de maneira
anormal com sua massa muscular o que pode levar ao excesso de levantamento de
peso, prática de dieta hiperprotéica e hiperglicídicas, uso indiscriminado de
suplementos protéicos, além do consumo de esteróides anabolizantes. Indivíduos
que dispõem deste transtorno alimentar não praticam atividades aeróbicas, pois
temem perder a massa muscular.
Segundo Grieve (2007) são nove as variáveis identificadas na
literatura da dismorfia muscular: massa corporal, influência da mídia,
internalização do ideal de forma corporal, baixa auto-estima, insatisfação pelo
corpo, falta de controle da própria saúde, efeito negativo, perfeccionismo e
distorção corporal. Este transtorno esta fortemente associado a assuntos
relacionados a dietas, aparência física, cirurgias plásticas e a prática de
exercícios físicos que estão em toda parte e são influenciados direta ou
indiretamente no trabalho, escola, em festas, em nosso contexto social em
geral. A vigorexia afeta com maior frequência homens entre 18 e 35 anos
(AFONSO, 2006 e GRIEVE 2007).
Falhas nos corpos destes indivíduos que normalmente passariam
despercebidas para outros, são reais para estes pacientes. Conduzindo-os para
quadros depressivos ou de ansiedade, problemas no trabalho e relações sociais.
Não há descrição do tratamento para a vigorexia. Da mesma forma que indivíduos
com transtornos alimentares, os indivíduos com vigorexia dificilmente procuram
tratamento.
Em caso de tratamento psicológico, inclui a identificação de
padrões distorcidos da percepção da imagem corporal, identificação de aspectos
positivos da aparência física, deve-se abordar e encorajar atitudes mais sadias
e enfrentar a aversão de expor o corpo.
Transtornos
Alimentares e a Influência das Profissões
No caso de profissões que exigem leveza para melhor desempenho,
como ginastas, jóqueis, patinadoras, bailarinas, etc. ou esbelteza para
"comercialização" da imagem, como modelos e atrizes, o risco para o
desenvolvimento de transtornos alimentares é ainda maior. Porém este aumento de
risco também ocorre em profissões que exigem uma imagem saudável, como é o
exemplo dos profissionais da área de nutrição e educação física. Tem-se por
exemplo no balé clássico um alto grau de perfeccionismo com a forma e na
ginástica rítmica a cobrança de um alto grau de desempenho, o que pode
contribuir para o desenvolvimento de transtornos alimentares. Também pode-se
observar nas modelos ao longo dos últimos vinte anos passaram de um tipo violão
para uma figura mais andrógina.
Em um estudo realizado no Centro Universitário do Leste de Minas
Gerais em Ipatinga, com estudantes do sexo feminino dos cursos de graduação em
Nutrição e Educação Física, usando o EAT (Eating Attitudes Test) foi observado
uma maior prevalência de EAT positivo nas alunas do curso de nutrição (23,6%)
em relação às alunas de educação física (11,1%). Por terem um maior contato com
o alimento as estudantes de nutrição acreditam que a aparência de um corpo
perfeito atua de forma favorável no sucesso profissional. Em outro estudo
realizado em estudantes de nutrição pelas pesquisadoras Lisângela Rita Penz,
Nutricionista da UNIVATES, Simone Morelo Dal Bosco, Mestre em Gerontologia
Biomédica pela PUCRS e Jaine Maria Vieira, Doutora em nutrição pela Universidad
Complutense de Madrid, foi constatado que de 203 estudantes 38 apresentaram
desnutrição, 154 eutrofia, 10 obesidade e 1 obesidade grau I.
Dentro desse quadro ainda é relatada uma grande frequência de
caminhadas e idas a academias, totalmente dissociadas de seus benefícios a
saúde, estas têm como objetivo principal apenas a manutenção de uma aparência
desejada, para melhor se enquadrar nos padrões estéticos criados para aquela
profissão.
Outra profissão que recebe muitas críticas em relação à aparência
de suas praticantes é o balé. Em um estudo realizado na Faculdade Salesiana de
Vitória e na Universidade Federal do Espírito Santo com 139 adolescentes, foi
contatado que desvios nutricionais estavam presentes em 4,4% e que 23%
apresentaram percentual de gordura anormal. O método EAT concluiu que 12,3%
apresentaram resultados positivos para a anorexia nervosa (AN). Diante dos
resultados do BITE (Bulimic Investigatory Test Edinburgh), identificou-se que
13,7% apresentam hábito alimentar não usual e 6,5% refletem quadro sub clínico
de bulimia nervosa (BN).
A Relação da
Ansiedade e Depressão com Transtornos Alimentares
Segundo dados da OMS - Organização Mundial da Saúde (2017), o
Brasil é o país com a maior taxa de ansiedade do mundo e o quinto em casos de
depressão. É comum, em pacientes de ambos os quadros, o surgimento de
transtornos alimentares. Os casos de transtorno de ansiedade vêm aumentado
muito nos últimos tempos. Isso se deve, em grande parte, à vida agitada e
estressante que levamos. Como afeta boa parte da população, os sintomas
causados pelo transtorno podem se agravar e vir causar problemas mais graves,
entre eles, os distúrbios alimentares. É comum em pacientes com transtornos de
ansiedade ter uma "rota de fuga" para os sintomas do transtorno.
Quando esta fuga é encontrada na comida, o paciente desenvolve uma relação
obsessiva com os alimentos, podendo levar, por exemplo, à obesidade.
Os sintomas da alimentação compulsória incluem: comer mesmo quando não se está com fome, nunca se sentir satisfeito, além de comer muito rapidamente e sozinho. Também pode incluir um sintoma de tristeza/culpa por ter comido demais. Há também casos de pacientes com transtornos de ansiedade que desenvolveram sintomas tais como baixa auto-estima e perfeccionismo. Nestes casos, o paciente cria uma relação destrutiva com a comida e a culpa pelo seu corpo, seus problemas, etc., podendo levar a quadros como depressão e anorexia.
Diferentemente do transtorno de ansiedade, a relação de um
paciente com depressão com a própria alimentação normalmente varia de acordo
com o grau da doença. Pacientes com transtorno depressivo podem ter reagir de
formas opostas à alimentação. Segundo o psiquiatra Dr. Brunno Araújo Nóbrega,
um quadro grave de depressão sem acompanhamento pode se tornar grave o
suficiente ao ponto de o paciente comer somente porque se sente obrigado – sem
nenhum tipo de prazer envolvido. Em contrapartida, é possível o paciente
encontrar na alimentação uma fonte de prazer, usando-a como uma forma de lidar
com os sintomas.
Segundo o endocrinologista Dr. Alfredo Halpern, a falta de alguns
nutrientes pode causar sintomas parecidos com o da depressão. Isso normalmente
acontece em pacientes com Anorexia Nervosa.
A falta de componentes como ferro, vitamina B 12 e vitamina D e doenças
como hipotiroidismo e anemia são fatores de risco ao cérebro. Em contrapartida,
existem alimentos que fazem bem para o cérebro, como carnes vermelhas e peixes.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Os estudos apontam que os transtornos alimentares afetam
predominantemente a população jovem: 0,5% e 1% para anorexia nervosa, 1% e 3%
para bulimia nervosa em adolescentes do sexo feminino. Números questionáveis
porque apenas os casos mais graves chegam ao conhecimento médico. Os
transtornos alimentares são multifatoriais, podendo ser estes fatores culturais,
individuais e familiares.
Fatores culturais envolvem padrões de beleza, pois houve sempre
uma contradição que neste sentido a economia é um dos aspectos influentes, nas
épocas de escassez de alimentos as formas corporais femininas mais robustas é
sinal de poder e opulência, enquanto que em períodos de grande oferta de
alimento a magreza representa autodisciplina e sucesso (HERCOVICI e BAY, 1997).
Em tempos passados a mulher mais bela era a mulher com mais
gordura corporal, pois estas eram as moças ricas, da nobreza, e esta gordura
representava esta riqueza, pois na época não havia muito alimento, então as
moças plebeias eram as magras e pobres, a grande maioria, e tinham como um
ideal de beleza feminina as mulheres de maior peso. Exatamente o contrário do
que se observa hoje, aonde o ideal de beleza é a mulher magra, representada
pelas modelos, com um biótipo corporal que não é comum a maioria das mulheres.
Modelos de beleza até hoje são indicativos de distinção social. Antigamente a
gordura era sinônimo de nobreza, atualmente a magreza é sinônimo de poder.
Estudos demonstram dados preocupantes, por exemplo, o preconceito
contra a gordura acomete crianças desde a pré-escola e mulheres com sobrepeso
têm mais dificuldade em conseguir um bom emprego do que aquelas que estão
dentro do padrão estético valorizado. (PUHL e BROWNELL, 2001)
Não somente adolescentes e adultos, crianças aprendem desde cedo
com suas famílias e com o meio social a valorizar o corpo magro e muitas vezes
mesmo com o peso ideal, relatam insatisfação com suas formas corporais. As
crianças também formam imagens do que não é valorizado ou aceito, ou seja, de
como não “deveriam” parecer. (CASTILHO, 2001)
Durante a adolescência, sabe-se que amigos passam a ter influência
importante na socialização, então a mídia, as amizades e o grupo social têm
papel mais significante na satisfação corporal entre adolescentes do sexo
masculino do que os pais. Adolescentes do sexo feminino encorajadas por amigas
tem mais chances de fazer dietas. Amigas do mesmo sexo exercem mais influência do
que as mães na adolescência.
Na mesma proporção mulheres caucasianas, negras, latinas, índias e
asiáticas apresentam transtornos alimentares o que comprova que o temor da
obesidade já é universal no mundo globalizado. Um maior grau de urbanização parece
aumentar a chance dessas patologias, a urbanização levaria a uma maior
exposição ao ideal de beleza, a magreza, por meio da mídia além de proporcionar
mudanças de hábitos alimentares, com propagandas de refrigerantes e comidas
calóricas e gordurosas, fast food, sedentarismo, etc., sendo assim as influências
da mídia contraditórias.
A indústria da estética corporal é hoje um dos maiores mercados da
sociedade de consumo. Segundo Cury, 2005 esse padrão inatingível de magreza,
amplamente difundido na mídia, já penetrou no inconsciente coletivo e
aprisionou as pessoas dentro de si mesmas. Os ganhos secundários são muitas
vezes tão poderosos que o indivíduo renuncia ao contato interno e perde a
conexão com seu corpo real. (CARRETEIRO, 2005)
Embora as pesquisas constatem que pelo menos 95% dos casos de
anorexia nervosa e bulimia nervosa ocorrem em mulheres percebe-se, no estudo de
Fernandes, 2007 um alto índice de insatisfação na população masculina infantil.
Na última década houve um aumento considerável dessas patologias em homens.
Para o sexo masculino há também padrões socioculturais impostos: os de um corpo
forte e definido, onde a gordura não é permitida.
REFERÊNCIAS
ABREU, C; FILHO, R. Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa – Abordagem
Cognitivo-Construtivista de Psicoterapia. Revista de Psiquiatria Clinica,
31(4); p. 177-183, setembro de 2004. Disponível Em:
<http://www.scielo.br/pdf/rpc/v31n4/22405.pdf> Acesso em 10 de Maio de
2017
ANDRADE, A; BOSI, M. (2003). Mídia e subjetividade: impacto no comportamento
alimentar feminino. Revista de Nutrição.
APPOLINARIO, J; CLAUDINO, A. Transtornos alimentares. Revista
Brasileira de Psiquiatria. 2000, vol.22, p. 28-31. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600008&lng=en&nrm=iso>
Acesso em 16 de Abril de 2017.
Bulimia. Causas e sintomas da bulimia, maio de 2017. Disponível
Em: <http://brasilescola.uol.com.br/doencas/bulimia.htm> Acesso em 09 de
Maio de 2017
CARRETEIRO, T. (2005). Corpo e contemporaneidade. Psicologia em
Revista, 11(17), 62-76.
CARVALHO, R; AMARAL, A; FERREIRA, M. Transtornos alimentares e
imagem corporal na adolescência: uma análise da produção científica em
psicologia. Psicologia: Teoria e Prática, vol.11 no. 3 São Paulo 2009. Disponível Em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872009000300015>
Acesso em 22 de Abril de 2017.
CURY, A. (2005). A ditadura da beleza e a revolução das mulheres.
Rio de Janeiro: Sextante
KNOBEL, M. (1981). A síndrome da adolescência normal. In: ABERASTURY, A & KNOBEL, M. (1981).
Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. Porto Alegre: Artes
Médicas.
MONTEIRO, M; CORREA, M. Transtornos alimentares em bailarinas clássicas
adolescentes. Revista Brasileira de Promoção de Saúde, Fortaleza, 26(3):
389-396, jul/set., 2013. Disponível em:
<http://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/2947/pdf_1> Acesso em 23
de Maio de 2017.
OLIVEIRA, L; HUTZ, C. Transtornos Alimentares: O Papel dos
Aspectos Culturais no Mundo Contemporâneo. Psicologia em Estudo Vol.15 no.3.
Maringá, setembro de 2010. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722010000300015>
Acesso em 27 de Maio de 2017.
PAPALIA, D; FELDMAN, R. Desenvolvimento Humano. 12. ed. Porto
Alegre: McGraw-Hill do Brasil, Artmed, 2013
Perguntas Frequentes sobre Transtornos Alimentares, maio de 2012.
Disponível Em: <http://www.abpcomunidade.org.br/site/?p=275> Acesso em 16
de Abril de 2017
RIBEIRO, R; SANTOS, P; SANTOS, J. Distúrbios da conduta alimentar:
Anorexia e Bulimia Nervosas. Nutrição Clinica, capitulo IV, Medicina RPP, 31:
45-53, jan/mar. 1998. Disponível Em:
<http://www.anorexiaebulimia.com/documents/disturbios_conduta_alimentar.pdf>
Acesso em 10 de Maio de 2017
SANTOS, E; SERRA, G. (2003). Saúde e mídia na construção da
obesidade e do corpo perfeito. Ciência & saúde coletiva.
SANTOS, R; GONÇALVES, M; STRACIERI, A. Fatores de Risco Para
Anorexia e Bulimia Nervosas em Universitárias dos Cursos de Nutrição e Educação
Física do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais. Revista Digital de
Nutrição Nutri Gerais, Ipatinga, v. 4, n. 6, p. 580-592, fev./jul. 2010.
Disponível em: <https://www.unilestemg.br/nutrirgerais/downloads/artigos/volume4/edicao_06/fatores_riscos_anorexia.pdf> Acesso em 25 de Maio de 2017.
VASCONCELOS, S. Influencia da Mídia na Incidência dos Transtornos
Alimentares. Publicidade e Propaganda UNICEUB. Brasília/DF, junho de 2006.
Disponível em: < http://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/123456789/1723/2/20267212.pdf>
Acesso em 27 de Maio de 2017.
Autores
envolvidos na produção deste artigo:
Gabriela Dornelles Tessari
Helena Palavro Basso
Jéssica Panizzon Ferreira
Johnny dos Santos Buratti
Leonardo Baccega Buziki
Patrik Liseu Zotti Serena
Marco Antônio Marzzaro Benelli
Marlusa Ap. Monteiro de Andrade
Artigo não publicado oficialmente – Não Plagie!!!
ajudou
ResponderExcluirmuito